terça-feira, 13 de novembro de 2018

Comentário de Filipenses 2.13


Antes, precisamos reafirmar que Deus não determina a salvação de nenhum homem (2Tm 2.11-13; 2 Pe 3.9). A salvação de um indivíduo não está atrelada a um decreto incondicional, como se Deus desse a uns incondicionalmente todos os meios para a salvação, produzindo nos tais, independente da resposta humana, a vontade e o realizar do seu propósito. É verdade que a humanidade está morta em delitos e pecados, mas enquanto viva fisicamente, pode ter prazer na lei de Deus (Rm 7.22-23) e entender os justos decretos de Deus (Rm 1.32); possui a Lei moral escrita no coração (At 28.2-4; Rm 2.14-16) e pode temer a Deus mesmo não conhecendo Jesus (At 10.1-2; 11.14). E o que também sabemos pelo relato das Escrituras é que homens podem serem visitados por anjos (At 10.3; 23.9); e se comunicarem com Deus em sonhos (Gn 20.6-7); e cumprirem conscientemente os propósitos de Deus (Ed 1.2-4). E isso independente de serem salvos. Tal possibilidade desmente a falácia de que só os vivos "espirituais" ouvem a Deus e entendem a Deus. Se uma baleia obedeceu a Deus, um humano não é capaz de reconhecer seu criador?( Is 1.2,3; 65.1-2; Rm 10.20-21).

O versículo treze é precedido pelo doze que contém um ordem: "ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor"(NVI). Pois Paulo desde 1.27 vem preceituando os  irmãos de Filipos quanto às suas obrigações. Tal expressão, portanto, indica encarnar as verdades do evangelho; "trazer para a vida prática" os princípios de Deus; e obedecer as ordens de Cristo dadas pelo apóstolo porque é Deus quem "efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele"(v.12). Isto é, Deus tem nos dado todas as coisas necessárias para a "vida e para piedade" (2Pe 1.3). Como um funcionário novo numa empresa que recebe todos os equipamentos de proteção individual (EPIs) e passa por um treinamento interno. Ele tem todo o necessário para começar a trabalhar.
Deus é poderoso para nos preservar irrepreensíveis para o dia de Cristo (1Co 1.8,9) e ele nos conservará assim, contanto que não desistamos de lutar até o último dia (1Co 9.26,27; Fp 3.10-14). Não há nenhum precedente bíblico que nos transmite a garantia de uma salvação incondicional, sem que a desejemos ansiosamente (Hb 9.28).
Os reformados não explicam como Deus agi na vontade do homem. Também concordam que, no que diz respeito à salvação, o homem por si só não pode provê-la. É dom de Deus. Mas não é bíblico sustentar que o homem só pode crer ao receber vida de Deus, porque na ordem das coisas a fé precede a vida e o arrependimento e o dom do Espírito. A fé também é precedida pela palavra de Cristo (Rm 10.17).

 O homem que possui o temor de Deus, ao ouvir a palavra de Cristo, ou responde com fé ou com incredulidade. Sem temor não há confiança e sem confiança não há salvação.
É interessante que Paulo nas sinagogas sempre se dirigia aos "irmãos e pais" (os judeus) e aos varões "tementes a Deus" (os gentios que frequentavam as sinagogas para ouvir os ensinamentos da Lei dos profetas At 13.16,26). Os judeus eram tementes a Deus, pelo menos por seu zelo; e o gentios, que amavam os judeus, se aproximavam deles porque temiam também a Deus. Paulo não se concentraria em evangelizar homens escarnecedores e irreverentes (At 17.32,33). Este é um ponto importante a considerar como sendo um pressuposto básico para a salvação. As pessoas que vem normalmente à igreja vêm graças ao temor. Isso não significa que o temor por si só é garantia de salvação. É somente a obra de Cristo que salva. Cornélio era um varão temente a Deus, um devoto. Mas ainda não era salvo. Não tem como por em ação a salvação de Deus sem o "temor e tremor".

Operar o querer (volição/ vontade) e o efetuar (realizar/ por em ação) não é necessariamente um poder sobrenatural atuando irresistivelmente no coração e mente das pessoas; mas sim um poder de convencimento e constrangimento. Deus agi por convencimento (Jo 16.8) e constrangimento (2Co 5.14). Pois Deus criou o homem e sabe como a natureza do homem funciona. Somos seres influenciáveis e reagimos a estímulos externos e temos conflitos internos.

A misericórdia de Deus  sobre os gentios e percebida pelos judeus incrédulos será  o elemento provocador de ciúmes que, por sua  vez, os levará à salvação. Deus pode provocar ciúmes no homem e incitá-lo à emulação (inveja) com propósitos positivos e benignos, para a salvação (Rm 10.19; 11.11,13-14). A generosidade dos irmãos de Acaia estava estimulando muitos crentes no serviço assistencial aos santos (2Co 9.2)- os irmãos de outra região estavam contribuindo financeiramente por causa do exemplo  dos crentes de  Acaia. Pois é normal sermos constrangidos em nossa mesquinhez pela generosidade espontânea de uma pessoa. É assim que Deus faz muitas vezes conosco, ao colocar pessoas transformadas em nosso convívio para que sejamos confrontados no caráter a fim de mudarmos.

As prisões de Paulo tiraram os irmãos da inércia e foi uma fonte de encorajamento para que muitos deles pregassem o evangelho aos perdidos (Fp 1.13-14). Não há dúvida de que Deus estava agindo por detrás disto.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

O que é estar debaixo da Lei?

" Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei" (Gl 5.18).

Para Paulo estar debaixo da Lei tinha haver com um estilo de vida e não com um sistema legal existente que controlava as pessoas. Estar debaixo da Lei tem haver com a busca de justiça pela observância dos mandamentos da Lei. É crer que na Lei existe um caminho para a justiça. É pensar que pode alcançar um status de justo diante de Deus por meio da obediência à Lei.

Por isso Paulo diz que quem é guiado pelo Espírito não está debaixo da Lei; porque a pessoa se coloca na dependência do poder de Deus; ela descansa por fé nos méritos de Cristo, isto é, de sua morte e ressurreição. É confiar na justiça de Cristo, pois assim como a desobediência de Adão afetou a todos a obediência de Jesus pode justificar a todos os que nele creem. Quem é guiado pelo Espírito está debaixo da graça e não é mais controlado pelo pecado. Por isso que, graças ao Espírito, ele se inclina para as coisas do Espírito e por isso não faz nada contrário à Lei de Deus.

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Paulo era eloquente ?


Quando se analisa as cartas de Paulo e o livro dos  Atos dos Apóstolos para tirarmos nossas conclusões a respeito desta questão, percebemos que não havia eloquência nem no ensino de Paulo nem em sua pregação. Paulo fornece um dos motivos que o levaram a rejeitar o discurso eloquente, palavreados rebuscados e complexos: " E a minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder; Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus" (1Co 2.4-5). Paulo não queria formatar a mensagem do evangelho dentro dos padrões filosóficos gregos de sua época, nem veiculá-la por meio de intelectualismo. Pois assim, a igreja adotaria um sistema carnal de compreensão e transmissão da mensagem. O método suplantaria a mensagem. O rótulo passaria a ser mais importante que o conteúdo, eis porque começa falando:" E EU, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria" ( 1Co 2.1).

É interessante que Paulo não só desprezava a eloquência, mas era também um servo de Jesus tímido em suas atividades ministeriais de pregação e ensino - "E foi sob fraqueza, temor e grande tremor que estive entre vós" (v.3). Tal timidez motivou críticas e desrespeito ao apóstolo - "E eu mesmo, Paulo, vos rogo pela paciência e bondade de Cristo; eu, que segundo dizem, quando vos confronto face a face sou “humilde”, entretanto, quando ausente sou “ousado” no falar;" (2Co 10.1), e "Pois, como alardeiam alguns: “as cartas dele são duras e exigentes, contudo ele pessoalmente não impressiona, e sua pregação é desprezível”(v.10). Note que, as cartas de Paulo produziram expectativas no campo da oratória desapontadas, visto que Paulo, ao chegar na igreja de Corinto, não veio no mesmo teor de persuasão de suas cartas - "ele pessoalmente não impressiona" - pode ser uma referência tanto ao seu estilo simples de pregação e ensino, como também uma referência ao seu porte físico deselegante; "e sua pregação é desprezível" - comparada à de outros pregadores que passaram por Corinto como Apolo, "varão eloquente e poderoso nas Escrituras" (At 18.24), e até mesmo uma comparação carnal com os filósofos epicureus e estóicos de Atenas que se reuniam no Areópago (At 17.18).

Lembrando, que não eram todos na igreja que criticavam a simplicidade comunicativa de Paulo, mas apenas alguns membros carnais e orgulhosos que estavam desafiando a autoridade do apóstolo (2Co 10.10). Entretanto, Paulo em sua defesa, esclareceu aos crentes de Corinto que, mesmo sendo rude (do gr. "idiotes", pessoa leiga, sem habilidade), no conhecimento, contudo, ele era autoridade : "E, se sou rude na palavra, não o sou contudo no conhecimento; mas já em todas as coisas nos temos feito conhecer totalmente entre vós"(2Co 11.6).

É importante aprendermos com o maior dos apóstolos que ministério da palavra não se exerce prioritariamente com armas da oratória eloquente, com técnicas homiléticas, e linguajar prolíficuo. Moisés, homem de lábios gaguejantes foi escolhido para ser assim, um grande instrumento nas mãos de Deus; para que o poder de Deus anulasse a sabedoria humana e o poderio dos egípcios (Êx 4.10).

BIBLIOGRAFIA:
Dic. Bíb. Strong
Bíblia: KJA/ ACF/ Palavra Chave Grego e Hebraico, CPAD.

Vivos para Deus ou para a Lei?


As pessoas não compreendem quando Paulo diz que não estamos mais debaixo da Lei, mas sim debaixo da graça. Parece que o apóstolo dos gentios está dizendo que agora não há mais leis para obedecermos; podemos, por isso, viver pecando. Mas não. Não é isso que Paulo ensina. Ele mesmo previne seus destinatários dessas conclusões libertinas - "Pois quê? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum. Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?"(Rm 6.15-16). Agora o modo de servir a Deus é outro. Paulo diz que para quem nos apresentamos para obedecer, nos tornarmos servos (escravos). Quando vamos até Jesus e nos apresentamos como servos seus, nossa vida passa a pertencer a ele e não mais a um sistema de leis e preceitos. É claro que quando estamos com ele e seguindo suas orientações, não quebramos nenhum mandamento moral como "não matarás", "não adulterarás", "não dirás falso testemunho", "não roubarás", "não cobiçarás", porque ele é justo, santo e perfeito. Suas orientações não nos levará ao pecado.

 Homens como Davi, já no AT, tiveram um relacionamento com Deus à parte da Lei, pois a justificação destes não veio da Lei (Sl 32.1-2; Rm 4.6-8). Davi era um homem que adorava a Deus em qualquer lugar; era de oração, pois invocava o Senhor ( Sl 32.6), entendeu que sacrifícios de animais não agradavam a Deus (Sl 40.6), não via em si mesmo mérito algum diante de Deus para sua justificação (Sl 143.1-2). Possuia um espírito de fé (2Co 4.13); tinha o Espírito Santo e anelava por sua presença (Sl 51.11; Sl 139.7). Mas, enquanto isso, homens hipócritas e religiosos honravam a Deus com os lábios, mas seus corações estavam longe dele (Is 29.13), usavam a lei do divórcio para satisfazerem suas concupiscências (Mt 19.8; Ml 2.16), se opunham aos verdadeiros profetas enviados por Deus por estarem carregados de pecados (Jr 7.25), usavam longas franjas na roupa prescritas pela Lei para parecerem justos aos olhos dos homens (Nm 15.37-41; Mt 23.5). Nos dias de Joel e Malaquias os sacerdotes do altar estavam prevaricando contra Deus, profanando seu altar e sua mesa. Deus não queria que eles rasgassem suas vestes e sim o coração (Jl 2.13; Ml 1.7).

Para Paulo, não estar mais debaixo da Lei significa não mais viver controlado pelas paixões da carne despertadas pela Lei; é não estar mais debaixo de maldição, visto que tudo o que a Lei diz, diz para pecadores(Rm 3.19). Não estar mais debaixo da Lei é rejeitar a velha forma de servir a Deus proposta pela Lei (Rm 7.6) - não guardando dias ou festas, não adorando em lugares específicos como no templo, mas em Espírito e em verdade (Jo 4.21-24; Fp 3.3; Rm 12.1); não oferecendo ofertas cerimoniais e nem sacrificando animais, mas ofertando sacrifícios de ações de graças e generosidade amorosa (Hb 13.15-16).
 "Contudo, agora libertos do pecado, e tendo sido transformados em escravos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação, e por fim a vida eterna" (Rm 6.22).
Portanto, se nós somos escravos de Deus, então vivemos para fazer a sua vontade. E sua vontade está revelada em Jesus. A bíblia não é um fim em si mesma. Ela aponta o amor como o cumprimento da Lei. Ela aponta o Filho como o possuidor da vida. O nosso verdadeiro alvo é o Pai, nosso verdadeiro destino. Nosso Salvador Jesus Cristo se apresenta como o caminho. Toda a religiosidade tem de ser substituída por intimidade com Cristo, relacionamento pautado na liberdade do Espírito. Pois só assim estaremos, de fato, debaixo da graça.

A expiação de Jesus é limitada aos eleitos?


Analisando o texto:

'' Por isso, não se pode comparar a graça de Deus com a conseqüência do pecado de um só homem; porquanto, o julgamento derivou de uma só ofensa que resultou em condenação, mas o dom gratuito veio de muitas transgressões e trouxe a justificação.  Pois, se pela transgressão de um só homem, a morte reinou por meio desse, muito mais os que recebem da transbordante provisão da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por intermédio de um único homem: Jesus Cristo!  Portanto, assim como uma só transgressão determinou na condenação de todos os seres humanos, assim igualmente um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens.  Sendo assim, como por meio da desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também, por intermédio da obediência de um único homem, muitos serão feitos justos" (Rm 5.16-19).

É interessante nos perguntarmos: Se o pecado de Adão atinge a todos, por que a morte de Cristo só é limitada aos eleitos? Haveria uma desproporção entre os efeitos da queda e os efeitos da graça, isto é da morte de Jesus. Isto não significa que, pelo fato de a transgressão de Adão tornar a todos transgressores, a morte de Jesus vai ter de tornar a "todos" justos. Não! Pois, isso seria confirmar o universalismo, e ao mesmo tempo negar várias passagens da Bíblia que contrariam essa vertente teológica.

Em João 3.16, a morte de Jesus é ofertada a todos, mas seu efeito é nos que crêem. Não dá para dizer que Jesus não morreu por todas as pessoas do mundo. Como na parábola das bodas, o banquete que tinha sido preparado para um grupo específico de convidados, após a rejeição destes, foi estendido às pessoas mancas, aleijadas, cegas e pobres (Mt 22.1-10). Esse banquete pode representar a morte de Jesus; o convite, o chamado ao arrependimento. Não dá para dizer que a comida era apenas para os que aceitaram o convite. Assim como a transgressão de Adão afeta todos os humanos, a morte de Jesus, de igual maneira, não é limitada, mas ofertada a todos os homens, sendo efetiva nos que creem (Jo 3.16; Rm 5.18-21).

A morte de Jesus


A morte de Jesus é o meio sacrificial de Deus lidar definitivamente com os nossos pecados. A morte de Cristo, portanto, tem ação expiatória e redentiva. Jesus morreu por judeus e por gentios (Jo 11.49-52) porque sem derramamento de sangue não há perdão de pecados (Hb 9.22). Assim como a transgressão de Adão afeta todos os humanos, a morte de Jesus, de igual maneira, não é limitada, mas ofertada a todos os homens, sendo efetiva nos que creem (Jo 3.16; Rm 5.18-21).
O livro de aos Hebreus registra as qualidades do nosso salvador: Deus como o Pai (1.8-9); homem como os humanos (2.14); semelhante aos irmãos em todos os aspectos (v.17); obediente até a morte (5.8); santo, imaculado e perfeito (7.26). Portanto, um sacrifício perfeito do ponto de vista de Deus, capaz de nos aperfeiçoar e nos tornar santo.

A Lei de Moisés e a justiça pela fé


Paulo nunca ensinou que Deus traçou dois caminhos diferentes de salvação: uma para os judeus – a lei; e outro para os gentios – o evangelho de Jesus Cristo. Pelo contrário, o caminho é um só, “Jesus Cristo”, que oferece justiça para todo aquele que nele crê. Primeiro para o judeu (porque a salvação vem dos judeus; e depois para os gentios (Jo 4.22; Rm 1.16) porque Deus exerceu sua misericórdia também sobre os gentios (Rm 9.23-24; 11.28-32).
O apóstolo dos gentios prova pelas Escrituras que mesmo antes da Lei a fé era o caminho para a justiça requerido por Deus, pois Abraão alcançou testemunho de justiça por crer em Deus e em suas promessas (Gl 3.16-25). O autor da carta aos Hebreus elenca um grupo de homens que foram justificados por sua fé antes de Abraão: Abel, Enoque e Noé (Hb 11.4-7,33,39). Ou seja, do começo ao fim, o caminho para a justiça de Deus sempre foi a confiança (Rm 1.17). E é no evangelho que se descobriu tal justiça, de fé em fé; embora a própria Lei e os profetas tenham dado testemunho a cerca dela (Rm 3.21), mas ainda assim, a justiça proveniente de Deus é independente da Lei.
A tentativa de percorrer um caminho para justificação por meio da guarda da Lei está fadada ao fracasso porque é à parte da Lei que Deus justifica as pessoas, isto é, pela fé em Jesus. Quem quer ser justo pela guarda da Lei ignora o próprio objetivo da Lei, que Paulo tanto ressaltou – tornar culpado a todos: judeus e gentios (Rm 3.19-20; 5.13,20; 7.7; 1Co 15.56; Gl 3.19). Querer alcançar um status de justo perante Deus por meio do esforço próprio é o mesmo que tratar um câncer com remédio para resfriado. A Lei é santa, justa, boa e espiritual, mas veio para atender outro propósito de Deus (Rm 7.12,14). No entanto, os judeus fizeram da Lei de Moisés seu meio de justiça (Rm 10.1-13).
A Lei de Moisés propunha justiça e vida para aquele que cumprisse tudo o que ela ordenasse (Lv 18.5; Rm 10.5; Gl 3.10-14); mas por causa da fraqueza humana (Rm 7.5; 8.3) ninguém obteria tal justiça e vida. Tanto que Paulo propôs o seguinte desafio aos Gálatas que queriam ser circuncidados por influência dos judaizantes: “Ouçam bem o que eu, Paulo, lhes digo: Caso se deixem circuncidar, Cristo de nada lhes servirá. De novo declaro a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a cumprir toda a lei” (Gl  5.2-3). É como se o apóstolo deixasse claro para eles que, por meio da Lei, eles fracassariam, pois não teriam condições de viver dentro de todas as exigências da Aliança do Sinai: “Já os que são pela prática da lei estão debaixo de maldição, pois está escrito: "Maldito todo aquele que não persiste em praticar todas as coisas escritas no livro da Lei". É evidente que diante de Deus ninguém é justificado pela lei, pois "o justo viverá pela fé"(Gl 3.10-11). Interessante notar que Paulo expôs a hipocrisia daqueles que pregavam a circuncisão para os irmãos da Galácia: “Nem mesmo os que são circuncidados cumprem a Lei; querem, no entanto, que vocês sejam circuncidados a fim de se gloriarem no corpo de vocês” (Gl 6.13).
O caminho para justiça e vida para todos é o da fé em Jesus. Tal verdade ia contra tudo o que os mestres da Lei ensinavam aos judeus (Jo 5.39,40). O legalismo, muito forte nos dias de Jesus e dos apóstolos, consistia-se na guarda da Lei para justificação, como meio de obtenção de méritos perante Deus. Não só a Lei Escrita de Moisés era observada, mas também a Lei Oral, que conhecemos como a tradição dos anciãos ou os ensinamentos dos sábios de Israel. Como se não bastasse os 613 mitzvóh (mandamentos da Lei de Moisés), ainda terem que observar uma série de regras, preceitos e leis de homens como se tais preceitos fossem a palavra de Deus; muitos deles inventados para invalidarem as Leis de Deus (Mc 7.1-13). Eram esses os fardos pesados, colocados sobre o povo, que os fariseus ensinavam, sendo nem eles mesmos capazes de carregar a que Jesus se referiu em Mateus 23.4.
Quando falamos da Lei de Moisés como não tem domínio sobre nós mais, essa verdade é apresentada por Paulo detalhadamente em Romanos 6 e 7. Depreendemos dela que, pelo fato de Cristo ter cumprido todas as exigências dos mandamentos de Deus e ter morrido na qualidade de justo, morreu definitivamente para a Lei. Portanto, a Lei não tem mais domínio sobre ele. Com efeito, ao ter ressuscitado ao terceiro dia, a morte também não tem mais domínio sobre ele. É por isso que todo aquele que nele crê, se acha unido a ele em sua morte e ressurreição. Morremos com Cristo para sermos doutro, a saber, de Cristo, afim de darmos frutos para Deus. Se a Lei não tem domínio mais sobre Jesus, por que então terá domínio sobre aqueles que estão em Jesus, em união com ele pela fé?
Em suma, essa é a base da nossa fé. É aqui devemos nos apoiar. É nesse sentido que nossa dívida foi cancelada pela morte de Jesus. Não estamos mais ligados à Lei de Moisés porque morremos com Cristo. Não é a Lei que morreu para o crente, mais sim o crente que morreu para a Lei com Cristo. No entanto, o cristão que vive pelo Espírito não está inclinado a fazer as coisas contrárias à Lei de Deus, pois a Lei é boa, santa e justa (Gl 5.22). O Espírito coloca o crente numa dimensão espiritual muito elevada, onde o salvo passa a ser capacitado pelo Espírito a fazer as coisas que Deus se agrada por amor e fé. Servimos a Deus em Espírito e não mais na velhice da letra como diz a Escritura. Amar ao próximo é uma possibilidade do crente que vive no Espírito, o que não é verdade para os que estão separados de Cristo e, portanto, debaixo da Lei.

OS JUDEUS CRENTES EM JESUS ESTÃO LIVRES OU OBRIGADOS A CUMPRIR A LEI DE MOISÉS?

No corpo de Cristo não há judeu nem gentio, conforme a Escritura (Gl 3.28). Os ensinamentos de Paulo, na carta aos Romanos, aplicam-se também aos judeus (Rm 1.14-17). O autor expõe de modo veemente a relação que aqueles que foram batizados em Jesus tem com a Lei – de morte, pelo corpo de Cristo. No que diz respeito à circuncisão, o apóstolo também diz que ela só tem valor se guardamos toda a lei (Rm 2.25-27; Gl 5.3). E diz que a verdadeira “circuncisão é a operada no coração, pelo Espírito, e não pela Lei escrita. Para estes o louvor não provém dos homens, mas de Deus” (v.29, NVI).
Timóteo só foi circuncidado por causa dos judeus da região onde ele acompanharia a Paulo; e não por causa da Lei de Moisés, como se o apóstolo estivesse debaixo dela (At 16.3). Enfim, os judeus não estão obrigados à persistirem  na Aliança do Sinai, a menos que queiram permanecer sob a maldição dela (Gl 3.10). Paulo, na qualidade de judeu legítimo, com todas as credencias – carnais e espirituais, não iria escrever aos gentios regras que não serviam para ele. Não é de se admirar que o judeu de judeu declarou-se em liberdade junto com os crentes gentios (Gl 2.4-5; 1Co 919-23).

Os gentios e a Lei


Não há respaldo bíblico para a judaização dos gentios e nem para a gentilização de judeus. Cada um cultiva a sua cultura dentro do corpo indivisível de Cristo. A morte de Cristo derrubou a parede de separação entre esses dois povos (Ef 2.14). No corpo do Senhor não há diferença étnica, de gênero ou social: “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa” (Gl 3.26-29), pois quem está em Cristo nova criatura é (2Co 5.17). Ser circuncidado por mãos humanas não importa no corpo de Cristo, nem o ser incircunciso na carne também significa nada para o Senhor (1Co 7.19; Gl 6.15-16). Mesmo para o judeu de nascimento, não há, na graça, uma obrigação de guardar mais o pacto da circuncisão, a menos que a consciência alheia o exija (At 16.3; Fp 3.2-3), “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4).

Os gentios não são obrigados a guardar a Torá de Moisés, mas apenas os mandamentos centrais da lei (Rm 13.9,10; Gl 5.14; At 15.28-29). Pois Cristo nos colocou em liberdade – somos livres do jugo da Lei (At 15.10; Rm 7.14). Aquilo que não era possível pela Lei de Deus é possível agora pelo Espírito (Gl 5.22; Rm 8.3-4).  Ora, por que devemos defender a nossa liberdade em Cristo Jesus da Lei? Porque ela foi ardorosamente defendida por Paulo (Gl 5.11). Porque tal liberdade é a base do nosso chamado (Gl 5.13).

 Na igreja de Antioquia alguns irmãos sem a autorização desceram da Judéia e ensinavam os irmãos gentios sobre a necessidade da circuncisão conforme a Lei de Moisés para a salvação; e isto rendeu um bom debate e contenda, sendo o caso levado à Jerusalém (At 15.1-2). Em Jerusalém, alguns irmãos fariseus foram mais longe, sustentando, além da circuncisão, a obrigatoriedade de guardar toda a Lei de Moisés (v.5). E Pedro se opôs veemente, dizendo que este conselho seria um jugo pesado demais para os gentios e desnecessário se Deus purifica os corações pela fé: “E, havendo grande contenda, levantou-se Pedro e disse-lhes: Homens irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu dentre nós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho, e cressem. E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós; E não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé” (vvs.7-9).

Ainda, Tiago viu a aplicação da circuncisão e da Torá como mandamento para os gentios que estavam se convertendo ao Senhor, por meio do evangelho, como um grande obstáculo à fé destes – “Por isso julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus” (v19). E com uma grande sabedoria argumentou o seguinte: “Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue, e cada sábado é lido nas sinagogas” (v.21). Com base neste versículo, posso ampliar mais o pensamento de Tiago: Se a Torá de Moisés não tem surtido efeito entre os gentios até hoje; se a Lei não tem tornado os gentios obedientes a Deus; se a lei não tem alcançado o mesmo sucesso que as boas novas nas cidades onde ela é lida; se a Lei nenhuma coisa tem aperfeiçoado (Hb 7.19); por que então submeter os gentios à Lei se eles já estão chegando ao objetivo pretendido por Deus por outro caminho à parte da Lei? Ora as Boas Novas do Senhor Jesus Cristo lograra mais sucesso que a Lei de Moisés (Jo 12.19). Para um exame mais profundo sobre a superioridade do evangelho em relação à Torá de Moisés Leia: (Rm 1.16-17; 3.21,22,31; 10.5-17; Gl 3.2-5,8-14; 3.24-25; 4.21-31; 1Tm 1.7-11; 2Tm 1.11-12; 2.8-9; Ef 2.17-18; 3.5-13; Ap 10.7). A essência da Nova Aliança é o Espírito e não um texto escrito (2Co 3.6).


O sábado é para Israel

Paulo diz que o amor ao próximo é o cumprimento da Lei (Rm 13.8-10); e ele diz que qualquer outro preceito da Lei se cumpri no amor. São citados alguns dos mandamentos pelo apóstolo exceto os quatro primeiros do decágolo que incluía o sábado. Como afirma a doutrina sabática "os quatro mandamentos regulam a nossa relação com Deus e últimos seis, com o próximo", mas para Paulo amor o próximo é equivalente a cumprir "toda a Lei''. Tiago reconheceu que toda a lei era resumida pelo amor ao próximo e destacou a forma imparcial de se observa-la (Tg 2.8-11). Tanto em Paulo como em Tiago o mandamento do sábado não está em voga, porque ele não permeia a nossa relação de amor com o próximo. Na verdade Jesus realçou o verdadeiro sentido dele que era para ser usado em benefício do homem, pois o bem é lícito fazer no sábado. Assim como há mandamentos universais (não matarás, não roubarás, não mentirás, não adulterarás) existem mandamentos específicos, por exemplo para o povo de Israel, a circuncisão que era o sinal na carne, o sábado que era sinal entre Deus e os filhos de Israel, o dízimo que era dado por judeus aos levitas, as observâncias das festas judaicas para Israel e muitas outras leis específicas que não foram obrigadas aos gentios nem por Moisés, nem pelos profetas e nem pelos apóstolos.

O sábado e o Adventismo



A vida simples de Jesus pode ser usada para desfazer muitos equívocos adventistas. Temos o testemunho do próprio autor do evangelho de João, de que Jesus não guardava o sétimo dia: "João 5: 17. Mas Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. 18. Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus".

Este relato é incontestável, e eles não podem negar que aqui é o próprio João, discípulo íntimo de Jesus que está dizendo que nosso Senhor Jesus violava o sábado. Não são os judeus ou os fariseus que estão dizendo que Jesus não guardava o sábado, mas sim o discípulo do amor. João era bem específico quanto a reproduzir os fatos sobre Jesus e não confundia seus leitores (Jo 21.23-24).

Mas podia Jesus violar o sábado e ainda assim declarar que veio para cumprir a Lei de Deus?

Vamos analisar outro texto bíblico:
Mateus 12: 1. Naquele tempo passou Jesus pelas searas num dia de sábado; e os seus discípulos, sentindo fome, começaram a colher espigas, e a comer. 2. Os fariseus, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos estão fazendo o que não é lícito fazer no sábado. 3. Ele, porém, lhes disse: Acaso não lestes o que fez Davi, quando teve fome, ele e seus companheiros? 4. Como entrou na casa de Deus, e como eles comeram os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem a seus companheiros, mas somente aos sacerdotes? 5. Ou não lestes na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa? 6. Digo-vos, porém, que aqui está o que é maior do que o templo. 7. Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios, não condenaríeis os inocentes. 8. Porque o Filho do homem até do sábado é o Senhor''.

O serviço no templo violava a lei do sábado (v.5), mas os sacerdotes acabavam ficando sem culpa; e Jesus se declara maior que o templo, portanto incupavel ao violar o sábado. Se o que era menor que Jesus violava o sábado e ficava sem culpa, quanto mais sem culpa ficaria aquele que se declarou maior que o templo e Senhor do Sábado. Dizer que Jesus não violava o sábado é contrariar a Palavra para sustentar suas conveniências doutrinárias. O serviço de Jesus, seu ministério, suas necessidades e as dos seus discípulos tinham prevalência sobre o sábado. Tanto que seus discípulos fizeram algo que não era lícito fazer no sábado "colher espigas, debulhar grãos", pois tudo isso tinha de ser feito, segundo a Lei, um dia antes do sábado, no dia da preparação. Mas seus discípulos demonstraram desorganização em suas provisões alimentares [e isso não era novidade "Quando os discípulos passaram para o outro lado, esqueceram- se de levar pão"(Mt 16.5)], se é que eles tinham tempo para se organizarem a fim de observarem o mandamento.

Estava muito evidente nos evangelhos que Jesus não guardava o sábado, tanto pelo testemunho de João como também pelo testemunho dos fariseus: "João 9: 16. Por isso alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus; pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles". A vida de Jesus comprovava a violação ao mandamento do sábado, pois não há relatos dizendo que Jesus repousava conforme o mandamento no sábado, antes, curas, milagres e ensino eram realizados também no dia de sábado. Jesus não tinha repouso. Ele descansava nos intervalos do dia, durante a noite. Tudo o que ele fazia nos dias comuns ele fazia no sábado. Ou os adventistas podem provar o contrário?

Se Jesus não guardava o sábado e ficava sem culpa por que vários judeus convertidos repousavam no sábado? Judeus zelosos da lei não iriam trocar o sábado por outro dia de repouso. Além do mais eles guardavam a tradição dos antigos, inclusive o mandamento do sábado. Vários textos do NT mostram os irmãos e os apóstolos se reunindo aos sábados em sinagogas, mas isso é registro cultural, de uma tradição passada pelos antigos e pela Lei. Não são provas de que o mandamento sabático era para ser observado por povos de outras culturas. Paulo por exemplo ia aos sábados às sinagogas porque era o dia de adoração dos judeus e ele tinha um dever pessoal de pregar o evangelho, primeiramente, a judeus. Os adventistas adoram usar essas passagens como prova de que o mandamento era não só observado, como necessário, como um dia de memorial da criação e o mais adequado para se adorar a Deus.
Como o evangelho nasceu em Jerusalém, é óbvio que ao se propagar ao mundo viria, inevitavelmente, embrulhado em muitas tradições e costumes judaicos. Mas Paulo, na condição de apóstolo dos gentios teve o cuidado de remover tudo o que seria irrelevante para a fé dos gentios como dias de observância, regras alimentares judaicas, festas judaicas, pactos na carne (circuncisão). É só lermos sem preconceito as suas cartas aos Colossenses, Gálatas, Filipenses, Romanos, Coríntios etc. Tudo isso teve seu cumprimento em Jesus. Agora esses elementos exteriores, geográficos, de calendários eram pobres, fracos, e sem valor em comparação ao conhecimento de Jesus. Toda a nossa atenção agora deve se concentrar em Cristo.

Os adventistas alegam que o mandamento do sábado compõe as dez palavras da aliança escritas por Deus, é imutável e sua transgressão quebra os demais mandamentos.

Se isso é verdade, então Jesus quebrou os demais mandamentos porque ele violava os sábados, inocentou seus discípulos ao transgredirem o sábado. Tiago ao dizer "qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos" (Tg 2.10) tinha em mente a lei do Reino, ou o mandamento do amor que dizia: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo"...(v.8), que no contexto podia ser diluído em dois básicos mandamentos (não adulterarás/não matarás) sem prejuízo dos demais outros (honra teu pai e tua mãe, não roubarás, não dirás falso testemunho, não cobiçarás) que os próprios adventistas admitem que são os seis mandamentos dos dez que definem nosso amor ao próximo, enquanto os primeiros quatro, definem nosso amor a Deus. Então, óbvio que quem não adulterava, mas porém matava tornava-se transgressor da lei do amor (v.11). Quanto ao sábado, nem mencionado foi; e sua inobservância não quebrava o princípio do amor ao próximo nem do amor a Deus, porque o sábado foi dado a Israel, como sinal entre Deus e o povo (Êx 31.16-17; Ez 20.12). Eles não podem dizer que Jesus foi transgressor da lei do amor por violar o sábado! O apóstolo dos gentios quando sintetizou a lei, nem menção ao sábado fez, antes deu o amor ao próximo como cumprimento da Lei (Rm 13.8-10). Os adventistas rebatem dizendo que nem também "honra teu pai e tua mãe", "não dirás falso testemunho" foram mencionados por Paulo e nem por isso são inválidos. Sim, mas Paulo conclui dizendo: "e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (v.9). Não dá para jogar o sábado aqui se os próprios adventistas admitem que o mandamento do sábado compõe os mandamentos que regulam o nosso amor a Deus. Mas, mesmo se fosse assim, Paulo desmente ao dizer que amar o próximo é o cumprimento da Lei. Então, uma Lei específica para Israel, contingencial e não moral não era a base para ser levada em conta no cumprimento da Lei.

Outro ponto contra eles é que o sábado não é um mandamento como os demais em seu caráter moral, pois foi criado, mas os demais são tão eternos quanto Deus, pois sempre existiram na natureza santa e amorosa de Deus. O dia do sábado foi santificado e abençoado. Nenhum outro mandamento precisou de tais incrementos. Mais ainda, Jesus se declara Senhor dele, podendo até violá-lo. Mas com relação aos demais mandamentos, jamais caberia violação pois retratam a natureza santa de Deus e de Jesus, Deus não pode negar-se a si mesmo. Jesus não adorou a Satanás por causa do mandamento (Mt 4.10), Jesus não matou, nem mesmo quando podia apedrejar uma adúltera (Jo 8.10), Jesus honrou seus pais (Lc 2.51), Jesus nunca proferiu falso testemunho (Jo 8.14), nunca adulterou, nunca cobiçou. Mas quanto ao sábado? Precisamos nem falar! Nem por isso pode haver culpa ou pecado no Santo Filho de Deus.

O que se pretende aqui não é proibir nem muito menos recomendar a guarda do sábado, nem sustentar que o dia apropriado agora é o domingo. Não, porque senão estaríamos ferindo o princípio de Romanos 14.5,6. A nossa luta é contra o engano de que o sábado é o selo de Deus; e que é o mandamento obrigatório para a verdadeira igreja de Deus; e que os que trocam o sábado pelo domingo "romano" estão aceitando a marca da besta. Sábado não é parâmetro de espiritualidade, santidade e aprovação divina. Paulo diz que nós somos a verdadeira circuncisão, nós os que adoramos pelo Espírito e não nos gloriamos na carne (Fp 3.3). Nenhum suposto "selo" é colocado no crente guardador do sábado. O verdadeiro sinal é a circuncisão de coração, que se consiste na adoração em Espírito e em verdade, independente de local ou dia (Jo 4.21-23).
Colossenses 2: 16. Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados, 17. que são sombras das coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo.
Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com vosso espírito amém!